Vivemos numa sociedade cuja palavra de ordem é: compre! São tantas as seduções que você jura que não conseguirá ser feliz se não tiver uma jaqueta de grife e um celular que caiba na palma da mão. E assim vamos acumulando coisas durante a vida, às vezes mais preocupados em possuir do que em desfrutar. Será que precisamos mesmo desta parafernália toda?
Não há nada de errado em comprar coisas
das quais gostamos, sejam elas necessárias ou supérfluas. Se o dinheiro foi
ganho com o suor do nosso rosto, temos mais é que satisfazer nossas vontades. O
que não podemos é ficar presos emocionalmente a objetos cujo valor é muito
relativo.
É de Thoreau uma frase sábia: "Um
homem é rico na proporção do número de coisas de que é capaz de abrir
mão". Eu me sinto milionária sob este ponto de vista, pois apesar de
gostar muito de conforto, sei que poderia me desfazer tranqüilamente de quase
tudo o que me cerca, ou ao menos trocar por similares mais simples. Quando
morei fora do país, montei toda uma casa. Escolhi com carinho o tecido dos
sofás, as luminárias, a louça, dedicando-me a cada detalhe. Na hora de voltar
ao Brasil, vendi absolutamente tudo, das cadeiras aos talheres, da geladeira
aos colchões. O que trouxe comigo? O indispensável: livros, discos e duas
gravuras, que para mim eram muito mais caros do que a mobília inteira.
Adoro meus tapetes, meus brincos, meu
carro, mas me livraria deles com um sofrimento muito menor do que se fosse
obrigada a me desfazer de fotografias, por exemplo. Quando chegar lá na quarta
idade, espero poder presentear as pessoas que amo com tudo o que estiver a
minha volta e distribuir minha herança em vida. Comigo, até o fim, quero apenas
minha memória, uns poucos livros para me distrair antes do sono, meus discos
preferidos (caso ainda não esteja surda), um secador de cabelos (pois velha
também tem vaidade) e os destinatários da minha verdadeira fortuna, a quem
deixarei minhas idéias, meu afeto e minha vivência.
(Martha Medeiros)

Lindo texto amiga.
ResponderExcluirEu sei o quanto é difícil desapegar de bens materiais... Infelizmente é assim. Mas claro que dou mais valor aos sentimentos, sem dúvida. Esses sim serão uma ótima herança :)
Beijo grande!
Oi, querida!
ResponderExcluirAdorei teu post - este é o segundo comentário que tento postar, tomara que desta vez consiga!
Estava preparando meu post sobre o mesmo tema, sob um outro ponto de vista... e aí li esse link no feed de notícias do Fb e não resisti, vim ver!
No meu caso, vou falar sobre uma experiência que fizemos com nossa filha, sobre montagem do pinheiro de natal. Depois confere lá!
Ah, conheces o CD Celebrai? Meu pai fez a locução de um culto (com orientação de pastor luterano) e um coral acompanhava. Tem o hino Nada te Turbe. Ficou muito lindo!!!
Beijo!
Ingrid
Muito lindo, um show de texto da Martha Medeiros...realmente precisamos de tão menos do que supomos para sermos felizes...beijinhos e sublime final de semana amiga...
ResponderExcluirValéria
Bonito texto.
ResponderExcluirBeijo e bom final de semana.
Essa herança sua é a que tem mais valor, o afeto que tem e distribui para as pessoas.
ResponderExcluirBom fim de semana.
Gdbeijo