METADE DA VIDA COMO TAREFA ESPIRITUAL
METADE DA VIDA COMO TAREFA ESPIRITUAL
Um dos meus
autores preferidos na atualidade tem sido ANSELM GRÜN.
Sempre que vou ao
Mosteiro, Ir. Maria Águeda é a encarregada de me "integrar" e o
mecanismo da leitura espiritual me compensa muitíssimo.
Hoje vou colocar
em comum minhas anotações sobre a obra do autor acima citado, dentre tantas tão
preciosas para mim:" METADE DA VIDA COMO TAREFA ESPIRITUAL".
NESTA FASE PERCEBO
QUE acontecem MUDANÇAS, vem o abandono da ROTINA, muitas vezes a SEPARAÇÃO
MATRIMONIAL, ocasionais DEPRESSÕES NERVOSAS, TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS...
Mas é também tempo
de CRESCIMENTO e MATURAÇÃO.
Se fizer um
discernimento dos fatos, há como SITUAR-ME e ganhar CIRCUNSTÂNCIAS favoráveis FÍSICAS E PSÍQUICAS,
mesmo quando possa haver DIMINUIÇÃO DE FORÇAS CORPORAIS E (muitas vezes)
ESPIRITUAIS TAMBÉM.
A vida por si só
requer nesta fase que haja PLANEJAMENTO DE NOVOS DESEJOS em
contrapartida com as NOSTALGIAS que se fazem imperativas...
DEUS está sempre PRESENTE NA
"CRISE"... Disso eu tenho certeza absoluta.
Vejo que urge um
maior empenho na liberação do AUTOENGANO, característica
adolescente-juvenil da qual poderei me livrar definitivamente, com o auxílio da
Graça Divina, já que outra época me é apontada.
Até os quarenta
anos outra natureza domina o ser humano e, por suposto, a mim também.
É nesse novo modo
de viver que o CONTATO COM O MEU ÍNTIMO ME FAZ ABANDONAR-ME,
ENTREGAR-ME nas mãos do meu CRIADOR com maior ânimo e
generosidade.
Tenho tentado
combater em mim os zelos sem irradiação do amor e da bondade de CRISTO,
o entusiasmo sem pedantismo e estreiteza. A pequenez interior, a falta de
alegria, a auto justificação, fixação em princípios religiosos para
"escamotear" a CRISE INTERIOR, ocultar a angústia da crise.
Percebo agora que
criei IMAGENS DE MIM E DE DEUS, CONVULSÕES DO CORAÇÃO, PRINCÍPIOS
FERRENHOS E ANGUSTIOSOS (ÍDOLOS), NARCISISMOS...
Aí DEUS intervém
favoravelmente me desestabilizando, me tirando toda segurança, toda convicção.
O ENCONTRO
PESSOAL COM O SENHOR fica mais reluzente, mesmo nesta relação nova com
este DEUS PERIGOSO, que me MOSTRA a VERDADE, OS MOTIVOS, QUE ME DESMASCARA, me
fazendo ver meu antigo modo de ver tão semelhante ao dos FARISEUS.
Antes é como se
tivesse bebido dos charcos a invés de inebriar-me da FONTE, antes passava sede,
não tinha gosto em DEUS.
O ORGULHO, A
OBSTINAÇÃO, A DUREZA DO JULGAMENTO, A "CONVERSA FIADA", O ATIVISMO
RELIGIOSO... DEUS COMO UM ESTRANHO, UMA ANGUSTIOSA PERMANÊNCIA EM MIM MESMA,
UMA VALORIZAÇÃO EM DEMASIA DO MEU PRÓPRIO EXECUTAR... Agora vejo, com maior clareza, que não
devo confiar demasiadamente na PAZ, na RENÚNCIA, NO DOMÍNIO SOBRE MIM.
TUDO É GRAÇA!
Sinto ainda que,
acima da confiança nos exercícios e atividades, meu maior desempenho agora é o CONTATO
COM O FUNDO DE MINHA ALMA, antes uma CISTERNA SECA.
O autoconhecimento
é uma exigência desta nova vida que se descortina.
Se no fundo de
minha alma estou FRAGMENTADA, OBSCURECIDA, CHEIA DE MALDADE, COM COVARDIA
E FALSIDADE, estou deveras ENCOURAÇADA. Me torno uma pessoa GROSSA,
MACIÇA, NEGRA COMO A PELE DO URSO, quando me é indicada alguma falta, não ouço,
rejeito observação na minha conduta, porque fica sendo IMPOSSÍVEL ROMPER TAL COURACEGA
PELA MINHA PRÓPRIA FORÇA. Fico,
a exemplo de Sara, PETRIFICADA. Fico FRACA, censuro o outro,
condeno, critico.
O que posso fazer?
Deixar cair a TORRE
DA CATEDRAL DA AUTO COMPLACÊNCIA, AUTOJUSTIFICAÇÃO, COM TODOS OS SEUS ANDARES.
Neste
autoconhecimento estou colaborando com a Ação do ESPÍRITO SANTO em
mim.
Surgem nesta época
novas possibilidades: o CONSIDERAR E TESTAR, o FAZER, o ABSTER-ME, OS
PENSAMENTOS FAVORITOS, os DESEJOS, as VERDADEIRAS RAÍZES.
Também há o DESAPEGO a
papéis, às ocupações ou ofícios, às posses, às formas piedosas, à VOCAÇÃO DE "BOA CRISTÃ", à
idolatria...
Parece-me que até
agora vivi METADE SIM, METADE NÃO, ouseja NÃO POR COMPLETO.
Foram os revezes
da vida, o tédio, o obscuro, o ser pobre, o ser débil, o orgulho e a
mesquinharia, o inconsciente, a preguiça, o ilógico...
E DEUS permitiu
que vivesse eu à duras penas, com ações e omissões, com preguiça, com medo, com
muita covardia, com falsidade até na oração.
SERENIDADE
Aparece então a CAPACIDADE
DE ME ENTREGAR, A ABNEGAÇÃO, O AVANÇO POR DEUS EM MIM.
Deixo, com gosto,
o mal, a obstinação, a arbitrariedade, o bom como inimigo do melhor, a prática
das virtudes inferiores, almejo VIRTUDES MAIS ALTAS, PRÁTICAS MELHORES.
Mas sinto que
NADA FOI INÚTIL.DEUS quer de mim o MAGIS para uma ESPIRITUALIDADE
MAIS PROFUNDA, preciso sair dos monólogos cansativos, saborear o SILÊNCIO...
e não devorar livros piedosos somente.
O escritor coloca um
exemplo que me encantou muitíssimo: o da SERPENTE que, quando envelhece, fica
cheia de rugas e cheira mal, busca lugar com pedras, desliza, deixa a
"pele velha".
Minha natureza,
por maior e melhor, que seja ficará envelhecida e com falhas.
Quando passei por
entre as PEDRAS fiz em mim FERIDAS e EROSÕES.
DECISÕES me
oprimiram, mas as ANGÚSTIAS ME AMADURECERAM E ME RENOVARAM.
Me sinto com uma
sensação de ter sido raspada em minha natureza exterior (2 COR 4,10).
Então constato que A
CRISE NÃO É PERIGOSA, DEUS SIM É QUE FICA MAIS PRÓXIMO DE MIM. Agora sei que se tomo as rédeas da
minha própria crise impeço a DEUS de agir em mim e também a mim de REAGIR.
O MAIOR TEMOR ...
É a excessiva
ligeireza para planejar a vida e à pratica. DESCONFIO DE TODA
PASSIVIDADE POR MEDO DE SOLTAR AS RÉDEAS. Apenas
"SUPORTO" a AÇÃO de DEUS, PASSO A PASSO... a PROVIDÊNCIA DIVINA, A ENTREGA DO MEU
CORAÇÃO.
O NASCIMENTO DE
DEUS EM MIM ...
Dentre PENÚRIA,
APERTOS, DORES DO PARTO, eis que surge em mim, a MULHER NOVA, IMPOTENTE E
FRACA, que está disposta a não ajudar a borboleta a romper tão depressa o
casulo. Isto iria ser uma RUÍNA PARA MEU NASCIMENTO EM DEUS.
Aquela que admite
a "crise" e deseja OUVIR O QUE DEUS QUER FALAR.
Eis uma nova fase: LAMENTAR,
NÃO! DAR GRAÇAS, SIM!
Num ENFOQUE
PSICOLÓGICO, (segundo e autor) o PROBLEMA da METADE DA VIDA é
RELIGIÃO X HOMEM DOENTE? Religião
é CAMINHO sobretudo para a vida e para a saúde.
No ímpeto da
"crise", a mente explora a "criança amuada" que há em mim e ACLARA
A SITUAÇÃO PRESENTE,
encontro o caminho PARA AJUDAR AQUI E AGORA.
Vão se resolvendo
os CONFLITOS NEURÓTICOS, os problemas da IMPULSIVIDADE. Me vi nesse PROCESSO DE INDIVIDUALIZAÇÃO, como que
num espelho, ficou em evidência a PERSONA, o ROSTO, a MÁSCARA, TUDO
QUE FICOU EXCLUÍDO, REJEITADO VEIO À TONA. Mas
também assimilei que cada qualidade tem seu oposto.
Há ainda a POSSIBILIDADE
DE CULTIVAR A INTELIGÊNCIA, os IMPULSOS INFANTIS DE SENTIMENTALISMO vão
se amenizando.
Vim deixar meu carinho ,espero que esteja bem .
ResponderExcluirbeijos!
O próprio Jesus nos mostrou, na conhecida história de Marta e Maria, que precisamos de ambos os pólos, da acção e da contemplação (Lc 10: 38-42).
ResponderExcluirTal como Marta, devemos deitar mãos à obra onde for necessário. Devemos ser hospitaleiros para com os nossos convidados e cuidar deles. Mas também é preciso que exista em nós a Maria, que arranja tempo para se sentar simplesmente aos pés de Jesus e para ouvir o que Ele tem para lhe dizer.
Se não tirarmos mais tempo para a oração, para o silêncio, para ouvirmos e refletirmos, não nos apercebemos de que não estamos a responder ás verdadeiras necessidades dos seres humanos com a nossa ação. Existe então o perigo de estarmos a circular apenas à volta de nós mesmos e da nossa reputação.
Queremos apenas dar provas de nós mesmos é um comportamento que também não dá frutos para os outros. Para que a nossa acção seja frutífera, precisa do retrocesso para a oração, a contemplação e o silêncio. Mas isso é uma coisa completamente diferente de uma autofuga ás verdadeiras exigências da vida.
O texto acima retirei d"O Livro das Respostas", do Pe. Anselm Grün. Gosto muito!!
Beijus,