O mestre do templo de Kennin, Mokurai,
tinha um pupilo de nome Toyo.
Era muito jovem quando chegou ao
templo.
Mas, ao ver os discípulos mais velhos
visitarem a sala do mestre toda manhã e toda tarde para receber ensinamento,
zen ou pedir orientação pessoal, ele quis fazer a mesma coisa.
Todos os discípulos eram premiados com
koars, para ajudá-los a impedir que sua mente desviasse para coisas inúteis.
Toyo estava ansioso e também queria
fazer que zazen desviasse para coisas inúteis.
Espere um pouco, até ficar mais velho,
disse o mestre.
Você é ainda muito jovem para tais
problemas.
Mas, o sagrado insistiu tanto que o
professor acabou concordando.
Então, todas as noites, na hora certa,
Toyo ia até a porta da sala de Mokurai.
Ele tocava o gongo para anunciar sua
presença, curvava-se respeitosamente, três vezes do lado de fora da porta e ia
sentar-se diante do mestre, em um silêncio reverencioso.
Você consegue ouvir o som das duas mãos
quando batem palmas, disse Mokurai.
Agora, mostre-me o som de uma mão.
Toyo se curvou e foi para seu quarto
pensar no problema. Da janela, ele podia ouvir a música das queixas.
Ah, acho que já sei!
Falou consigo mesmo.
Na noite seguinte, quando o professor
lhe pediu para descrever o som de uma mão, Toyo começou a tocar a música das queixas.
Não, não, disse Mokurai. Jamais será
isso. Esse não é o som de uma mão.
Você não conseguiu,..
Pensando que tal música pudesse estar interrompendo
seu pensamento, Toyo mudou seu alojamento para um lugar tranquilo. E meditou
outra vez. Qual pode ser o som de uma mão, pensou?
Então, ele ouviu o som da água
pingando. Já sei, Toyoo supôs, deve ser isso.
Quando se encontrou novamente diante do
professor Toyo imitou o som de água pingando.
O que é isso?
Disse Mokurai.
Desta vez, isso não é nada além do som
da água pingando. Não é o som de uma mão. Tente de novo.
Toyo meditou em vão para ouvir o som de
uma mão.
Ele ouviu o suspiro do vento. Mas o som
foi rejeitado.
Ouviu o choro de uma coruja. Esse
também foi recusado.
O som de uma mão também não estava com
os gafanhotos. Semanas após semana, Toyo visitou Mokurai com diferentes sons.
Todos estavam errados. Durante anos, ele refletiu sobre o que poderia ser o som
de uma mão.
Por fim, Toyo se justificou para
Mokurai: - não consigo, obter mais sons. Cheguei apenas ao som sem som.
Ah, disse o Mestre, finalmente você
alcançou a verdadeira meditação.
De repente Toyo entendeu que tinha
ouvido o som de uma mão.
às vezes é preciso tocar o silêncio para conseguirmos tocar coisas bem maiores que os barulhos cotidianos não nos deixa perceber...
ResponderExcluirUm abraço, minha querida e um lindo dia!!!
...Olá!Boa tarde
ResponderExcluirRosélia
Bela reflexão...
eu , em certo momento de minha vida, li um pouco Osho...
... e por isso penso que a "lição" que Toyo aprendeu foi que , através da meditação, podemos conhecer, em nosso interior, um som sem som. Ele é sem som porque você não pode ouvi-lo através de seus ouvidos. Ele é sem som porque o som é sempre criado através da dualidade, bate palmas e um som é criado, e aquilo que é criado , em outro momento, será destruído. Ele é sem som porque não pode ser ouvido; só pode ser vivenciado.
Os monges zen chamam a isto de a mais profunda meditação: ouvir um som incriado. Aum, aum, aum - esse som está vindo de dentro, incriado. Ninguém o está emitindo. Ele apenas está ali...esse é o som sem som - incriado.
Agradeço
Belos dias
Beijos
É no silêncio que ouvimos a essência dos sons... Se ainda tiver bolo de limão, congela um pedaço pra mim! BJks Tetê - Manancial
ResponderExcluirLinda reflexão Roselia.
ResponderExcluirSe se imagina que para haver som há que ter vibrações, estaria o som nestas vibrações de um coração que se entrega ao bem e grita ao mundo este ensinamento.
Muito boa.
Meu carinhos e fraterno abraço.
Beijo de paz e luz amiga.