Liberdade de Espírito

(Gustave Thibon)

Quando a alma tiver terminado de se purificar e de se esvaziar de todas as formas e imagens perceptíveis, ele habitará nessa pura e simples luz, transformando-se nela em estado de perfeição. Com efeito, essa luz jamais está ausente da alma. O que faz obstáculo à sua expansão são as formas, os véus das criaturas que envolvem e embaraçam a alma. Tirai totalmente esses impedimentos e esses véus... fazei de  maneira com que a alma se estabeleça na pura nudez e  na pobreza do espírito. Logo essa alma, tomada de pura e simples sabedoria divina que é o filho de deus, porque então o natural estará ausente da alma já entregue ao amor divino. Ele logo nela se expande, naturalmente e sobrenaturalmente.

A distância infinita dos corpos aos espíritos representa a distância infinitamente mais infinita dos espíritos à caridade, porque esta é sobrenatural. Todo brilho da grandeza não tem nenhum esplendor diante das pessoas de espírito. A grandeza das pessoas de espírito é invisível aos reis, aos ricos, os capitães, a todos esses grandes da  carne. A grandeza da sabedoria, que só de Deus, é invisível aos canais, e  às pessoas de espírito. Estas são as três ordens diferentes de gênero.

O liberto vivo não vê nenhuma aflição a curar porque ele está de posse daquele que é toda felicidade. Não tem mais desejos a perseguir, esfaimado, porque possui o supremo e o todo se toca no Todo Poderoso que provê toda realização. Não tem mais dúvida ou buscas vãs, porque a luz na qual vive fez jorrar sobre ele todo conhecimento. Ama perfeitamente o divino e ele é seu Bem Amado  porque, assim como descobre sua alegria no Divino,  Divino, o Divino encontra sua alegria nele. Tal é o amante de Deus que possui o conhecimento.