sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Ninho de Amor/Nossa Padroeira





(Ganhei esta escultura da amiga Natália Fera)

"Outra deficiência que afeta a forma grave de milhões de crianças, adolescentes e jovens, no Brasil, é a falta de uma família que seja um ninho de amor."





(Vitória ES)

(Guarapari ES)






Guarapari ES)

Salve as crianças do Brasil!
Protegei-as, Mãe Amada!







Menina crescia escutando

que não adiantava mentir

porque mãe sempre sabia.



Mãe dizia

que lia na testa da Menina,

e que só mãe

sabia ler testa.


Menina tentava
tapar a testa com a mão
na hora de mentir.
Mãe achava graça. Muita graça.
E continuava lendo assim mesmo.

Menina precisava entender
como essa coisa misteriosa acontecia.
No espelho do banheiro,
mentia muito em silêncio.
E na testa, nada escrito!

Aí, Menina descobriu
que mãe também mentia.
E que então não era testa
era o olho, com um brilho diferente -
que entregava a mentira.

Menina então tentava
fechar o olho com força,
para esconder a mentira.
Mas nem isso resolvia,
pois mãe sempre adivinhava.

Menina tinha era que aprender
a fingir de olho aberto,
que mentira era verdade.
Menina tentou, tentou...
e aprendeu.
Era essa a solução.

Mas de noite
Menina ficava apertada por dentro.
Assim meio sufocada,
não podia nem piscar.
Com o olho muito aberto,
não conseguia dormir.

Faltava ar pra Menina.
Igual quando a gente fica
quase sem respirar
rindo de uma cosquinha.
Só que não tinha graça.

Menina - sem querer -
tinha descoberto a Consciência,
uma coisa que toma conta da gente
mesmo quando mãe
não está lendo testa,
nem adivinhando olho.

Menina tinha aprendido
que ter que fingir doía.
E que desse jeito
ia ficar muito sem graça
ser gente grande.
Menina desistiu de crescer.

Mas não adiantava.
Menina via que agora
já estava quase da altura
do móvel da sala da vovó.
E ficava muito triste,
o aperto apertando mais.

E de tanto que o aperto apertava,
Menina achou que fingir
só podia doer tanto
porque era dor sozinha.

Menina teve uma idéia.
E ainda não sabia
se era idéia brilhante.
Mas sabia - isso sim -
que precisava testar,
pra conseguir descobrir.

A idéia da Menina
foi dizer para mãe
que era difícil fingir.
Menina achava ruim
aprender montes de coisas
sem dividir com ninguém.

Menina falou pra mãe
que era muito complicado
e que não era nada bom
ter que crescer sozinha.

Mãe abraçou
muito apertado a Menina.
E no colo tão esperado
Menina estava sendo mãe da mãe.

Menina sentiu
que mãe estava chorando.
E que mãe
ainda não tinha aprendido tudo.

Mãe não falava nada
Mas uma e outra sabiam
naquele abraço apertado
que em mãe também doía
ser gente grande sozinha.

Nessa hora
Menina entendeu tudinho.
Descobriu que só carinho
é que espanta a solidão.
E que a dor, se dividida,
fica dor menos doída.

E que aí,
dá até vontade
de continuar a crescer
pra descobrir
o resto das coisas.

(Marisa Prado)







4 comentários:

  1. Muito lindo o post e adorei a poesia..Quem não ouviu que a mãe sabia ler na testa?rs Adorei! beijos, feliz dia das crianças! chica

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  2. Um post nota dez, Roselia. As melodias, as fotografias são muito bom e com o poema encerra com chave de ouro.
    Que Nª Senhora da Aparecida proteja o Brasil, e um dia feliz para as vossas crianças.
    Abraço e bom fim-de-semana

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  3. Linda poesia e imagens amiga Rosélia.
    E que Nª Senhora Aparecida proteja o nosso amado Brasil,pois está precisando muito!
    Bjs-Carmen Lúcia.

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  4. Soberba postagem! Amei!!

    Coisas de uma vida.
    Beijos e um excelente fim de semana.

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