Oração

Deus, por quem todas as coisas que não teriam o ser por si mesma, tendem a ser; Deus, que não deixa perecer as coisas que se destroem reciprocamente, Deus, que criou do nada este mundo, do qual todos os olhos sentem a soberana beleza; Deus que não é o autor do mal e  que permite aquele existir para prevenir um mal maior.
Deus, que ao pequeno número de espíritos capazes de ter acesso ao que realmente é, mostra que o mal não tem substância alguma.
Deus, graças a quem o inverno, mesmo, com seus olhos desafiadores e, apesar de tudo, perfeito; Deus que não permite nenhuma dissonância, mesmo no mais humilde deste universo, já  que o pior se harmoniza com o melhor.

Deus que ama todo aquele que, consciente ou não consciente, pode amar.
Deus que tudo contém, mas que não recebe da ignomínia da criatura nenhuma ignomínia, de sua malícia nenhum mal, de seus erros nenhum erro.
Deus, que somente aos corações puros permite conhecer a verdade; Deus, Pai da verdade, Pai da sabedoria, Pai da Vida Verdadeira e suprema. Pai da felicidade. Pai do bem e do belo, Pai da Luz inteligível, Pai do nosso despertar, de nossa iluminação ao Pai do penhor que nos avisa a retornar a Ti; e a Ti que eu invoco, Ó Deus, fonte, princípio, autor da verdade, princípio, autor da sabedoria de tudo, o que é sábio; Deus, que é a verdadeira vida, a suprema vida de tudo o que une verdadeira e sobrenaturalmente, Deus, bem aventurança, fonte, princípio, autor do belo e tudo o que é bom e belo, Deus luz inteligível. Sair de Ti é morrer, voltar a Ti é reviver, habitar em Ti é viver. Deus, a que a fé nos impele a que a espera nos ergue, a que a caridade nos une a Deus para que nós triunfemos do inimigo, é a Ti que eu dirijo a minha prece.

(São Tomás de Aquino)