Autopunição

 

"Um grupo muito grande de pessoas está no meio da estrada, barrando o carinho que leva ao Paraíso.

 

O puritano pergunta: por que os pecadores?

 

E o moralista berra: a prostituta quer fazer parte do banquete. 

 

Grita o guardião dos valores sociais: como perdoar a mulher adúltera se ela pecou?

 

O penitente rasga suas roupas: pior que curar um cego que só pensa em doença e nem sequer agradece?

 

Esperneia o asceta: tu deixas que a mulher derrame em teus cabelos um óleo caro!

Por que não vender e comprar comida?

 

Sorrindo, Jesus segura a porta aberta. E os guerreiros da luz entram, independente da gritaria histérica. "

Jesus nos ensina a não ficarmos discutindo quem entrará ou não no Reino de Deus e, sim, que sejamos solidários e fraternos uns com os outros...

 

A relação com os demais é uma rede complexa, tecida de evocações, transferências, histórias pessoais, complexos de inferioridade, inibições, competições, impulsos, ressentimentos...

Infinitas causalidades e complexidades pelas quais nos tornamos fechados por vários motivos, dia e noite. 

 

A única salvação de salvarmos nossos sonhos é sendo generosos conosco mesmos. Qualquer tentativa de autopunição, por mais sutil que seja, deve ser tratada com rigor."