Tão logo desço do edifício, já estou de frente para o mar.
É um bálsamo gigante o azulão à minha espera.
Posso descer triste que, em seguida, vem a alegria interior a me encher de regozijo o coração.
Nossa rua nos motiva, normalmente, a anterior tinha flores por ela e agora, tenho o mar pertinho.
É uma rua arborizada, no outobo o Criador me apresenta um cenário ainda mais lindo com árvores castanhas... As folhas tonalizadas de ocre me dão um clima interior de pacificação.
A rua pessoal é um estímulo a caminhar por ela, a ter ânimo de dias melhores e abençoados.
Amo minha rua e todo o silêncio que atravesso para chegar na orla esperada a qual me dirijo agora após escrever.
Se estivessem a fim de deixar de ser bobos ,como continuariam a frase:
Naquela família...?
Naquela família onde fora criada, Marianarefletiu sobre o envelhecer, não queria estar na condição de refugiada do tempo. Muito menos ser membro de uma manada... isolada.
O comodismo de achar que tem tudo era mediado pelo apreço à natureza que lhe acentuava a simplicidade.
Tem um corpo que necessita de outras fomes além da material. Não tinha vergonha de cometer deslizes. Não sabia tudo e não havia deixado de ser boba, chegava a ser tola, idiota.
Mesmo com o tempo passando, esquecendo de algumas coisas, percebia que envelhecer não era só aumentar a idade. Tinha que ter cuidado de não carregar fardos pesados além do que podia suportar.
Questionava-se sobre os valores reinantes da cultura à estética como pungente, uso de Botox, antirrugas, cosméticos demasiados. O que era de suma importância: plano de saúde, dental, funerário em dia. Exercícios para a artrose não atrofiar seu corpo... médicos e clínicas faziam parte da sua maratona.
Aliava-se mais estreitamente às amigas que não viviam em função de beber, transar ao léu, frequentar festas badaladas, ocupar tempo livre com qualquer coisa fútil.
Quando ia a um evento, via idosos abusando da comida e até 'roubando' para levar para casa, sabia que seria, na realidade, mendigar afeto. Disfarçar a solidão em grupos, reuniões sociais?
Ela se questinava para não cair na futilidade... escolhia bem o que fazer, onde pisar. A vaidade, para ela, seria unhas bem cortadas e limpas, banhos caprichados, cabelos asseado.
O óculos na ponta do nariz era o de menos, só para a leitura. Muito pior seria uma dor intermitente no tornozelo, na lombar... dores típicas não deviam lhe assustar, felizes os que chegam à idade madura! Combatia a ansiedade com chás, caminhadas e praias. Além de orações mais contemplativas, leituras sadias.
Às queixas não dava espaço por não ter quórum. Que bom!
Saudades e lembranças atenuava vendo fotos.
Procurava amenizar dores com alegria e satisfação por estar viva.
Era caçadora, tinha paciência e sabia esperar o tempo de Deus.
Há tempos abrira mão dos seus privilégios. Isso sim é deixar de ser boba, tola, aprendeu que a razão não pode suplantar a felicidade.
Não se deixava ficar na condição de desaparecida. Há pessoas da própria família (até pode ocorrer) que anulam os mais vividos. Tinha ela necessidades para as quais não fechava os olhos. Não deixava o mato tomar o terreno do seu coração. Amava a si e se não a amavam, a perdiam. Deus lhe deu um espaço no mundo e ela ocupava seu quadrado como águia a conselho do seu padrinho. Deveria aprender a não ser otária, transformar seu mundo num oásis. A autenticidade preencheria seu interior. Um dia, todos aprenderão que vão envelhecer. Nada de se deixar manipular com exigências sociais e outras de qualquer origem. A idade crescida já a fragilizava, mas a beneficiava com compreensão do mundo.
Os livros eram seus melhores amigos. Por eles, ela olha o futuro com esperança.
Sabia de algo que poderia lhe arruinar sua estadia aqui na Terra:
Ao invés de SERVIR DE ABRIGO, poderia ser só amargura:
"ESTAVA TAO AMARGURADO QUE, SE PLANTASSE UMA MACIEIRA, NASCERIA UM LIMOEIRO."
Um retrato do outono por aqui está contradizendo, por ora, a nova Estação.
Hoje, fui à praia, o mar agitado, não fiquei muito tempo sentada na cadeira na areia preta (monazítica). Poucas pessoas, no máximo uma media dúzia comigo, cada qual bem afastada da outra. Só uma senhora veio puxar assunto sobre a questão de estar vazia a praia. Expliquei-lhe que era natural, acabou o verão e as aulas começaram.
Amo passear no Outono e ver os barcos parados nos ancoradouros, parece que estão como os seres humanos, se preparando para hibernarem.
Por sua vez, o Outono nos inspira à reflexão, é época especial para deixarmos nossos barcos mais protegidos das intempéries da vida.
Hoje cedo, o salva-vidas teve trabalho para uma pessoa resgatar pois o mar estava bravio. Dizem que anunciando muitas chuvas.
O barco para mim tem significado especial, imagino-me andando num, num lago sereno, apreciando um lindo poente. Nem sempre há a possibilidade. Um cenário idílico inspira.
Um barco abandonado me dá lástima, é triste ver seu estado vegetativo numa praia deserta.
Estar com amigas é muito saudável, nos divertimos com a natureza ao nosso redor. Saboreamos tudo que vemos e sentimos de forma intensa como crianças em dias de expectativas.
Os lugares nos ajudam muito, mas o que conta mesmo são as companhias.
Ficar feliz com pouco é ser grata a Deus por seus inúmeros benefícios.